30 de janeiro de 2007

1a. Postagem

“Como você ainda não tem um blog?”

Não era a primeira vez que eu ouvia aquela pergunta. Várias pessoas já me haviam indagado isto antes. Porém, quando iria responder ao amigo que ora me perguntava, percebi que as respostas de sempre já não eram mais adequadas. A falta de tempo ou de assunto não eram mais desculpas suficientes. Como era possível que eu ainda não tivesse um blog?



Os primeiros blogs
Quando os primeiros blogs timidamente começaram a surgir na web, a idéia não me chamou a atenção. Eu, como muitos, não notava o nascimento de uma revolução que abalaria a internet e a imprensa de uma forma que já há algum tempo não se via acontecer.

Fruto da idéia de Dave Winer, programador do Vale do Silívio que abandonou sua coluna em uma conceituada revista de informática em meados de 97 e criou um site para publicar seus artigos, o primeiro blog considerado como tal surgiu da necessidade de disponibilizar conteúdo de forma rápida e prática. Em pouco tempo, outros profissionais adotaram o modelo, no qual textos eram inseridos de forma linear no site, organizados e ordenados por data (os mais novos vêm primeiro). Os weblogs, assim chamados porque continham basicamente registros de navegação dos autores pela rede e das novidades que encontravam no caminho, tinham um formato ágil e permitiam edição rápida de textos, já que não continham grandes firulas em seu layout. Era só digitar o artigo e publicar.

Era preciso, contudo, um conhecimento mínimo de montagem de páginas web - sem contar que a publicação de um artigo renvolvia a republicação da página inteira, já que a entrada de texto nada mais era que uma alteração física do conteúdo desta. Mas logo surgiria, em 1999, uma ferramenta que popularizaria os blogs (não demorou para abreviarem o nome do formato), de forma qualquer pessoa com acesso à rede poderia ter sua voz veiculada para todo o planeta: o Blogger. Este serviço permitia que mesmo uma pessoa sem nenhum conhecimento prévio de editoração web ou de montagem de páginas publicasse seus textos. Bastava digitá-los e dar-lhes um título. Pronto! O artigo era inserido na página, links para o mesmo eram criados e o trabalho estava terminado. A idéia pegou, e vários outros serviços do gênero começaram a surgir na rede. O próprio Blogger continua firme e forte - foi comprado pelo Google e hoje conta com centenas de milhares de blogs (este que você está lendo agora está hospedado nele).

O fenômeno
E, claro!, com a popularização veio a banalização.

Blogs começaram a surgir aos borbotões. A grande maioria, contudo, tratavam de assuntos de importância discutível. Muitos eram apenas diários virtuais, onde adolescentes relatavam suas aventuras sociais, pessoas comuns tentavam satisfazer seus desejos de saírem do anonimato e artistas promoviam-se, contando alguns detalhes de suas vidas pessoais. Qualquer um que ansiasse aparecer na rede aproveitava aquele modo fácil de publicar alguma coisa, seja lá o que fosse. Virou moda ter um blog!

Como quase todas as ondas na internet, a coisa começou com os americanos, porém aos poucos ia sendo copiado por pessoas de outros países. Os brasileiros, obviamente, não poderiam ficar de fora. Os grandes portais tupiniquins finalmente perceberam o excelente negócio que estava surgindo e passaram a disponibilizar também este serviço.

Os recursos, como anexação de imagens e maior flexibilidade na criação de layouts, aumentavam rapidamente, graças a sempre saudável concorrência. Com tudo isto, os blogs pessoais também evoluíram. Tornou-se out ter um blog feio, sem recursos ou com um layout comum.

E a blogosfera começaram a ramificar-se. Surgiram os blogs especializados nos mais diversos assuntos, de astronomia a culinária. Nasceram os fotologs – blogs com quase total inexistência de textos, contendo apenas imagens.

Existem atualmente cerca de 50.000.000 de blogs no mundo inteiro. São criados dois blogs por segundo! E a curva de crescimento é ascendente...

Entretanto, até então, talvez por causa da enorme quantidade de amenidades, quase ninguém imaginava o potencial dos blogs como veículos sérios de comunicação. Isto logo mudaria.

Relevância
O potencial dos blogs como fontes de notícias surgiu quase por acaso.

Nas horas que sucederam à queda do World Trade Center, as redes de notícias exauriram todas as suas forças atacando duas frentes: a primeira, conseguir informações; a segunda, divulgá-las na Internet. Em todas as duas, chegaram ao seu limite. Não haviam repórteres o suficiente para tanta notícia, nem servidores web parrudos o suficiente para tantos acessos. A solução veio por meio dos blogs. Em meio ao caos, diversos bloggeiros (alguns anônimos, outros não) que estavam em Nova York contavam o que viam em tempo real.

Em setembro de 2002, um iraquiano de 29 anos, sob o pseudônimo Salam Pax, iniciou a publicação de dezenas de textos em seu blog contando o dia a dia em Bagdá, comentando a vida sob o regime totalitário de Saddam Hussein e como a população se mantinha temerosa tanto com a continuidade do governo quanto com a iminente invasão americana. O conjunto dos textos do blog, que tornou-se mundialmente famoso, virou livro.

Durante o ataque americano ao Iraque, bloggueiros que estavam em Bagdá no momento da queda da cidade noticiavam para o mundo, em tempo real, o que viam pelas janelas de suas casas – de maneira mais rápida e imparcial que qualquer agência de notícias.

Finalmente, a imprensa toda poderosa percebia que encontrava um rival à altura: qualquer um, em qualquer lugar do mundo, podia dar uma notícia em primeira mão. E não era necessário ser um repórter!

A idéia inicial dos blogs - comunicar - foi extrapolada. O serviço apresentava-se como uma ferramenta extraordinária para atividades muito mais nobres do que aquelas para as quais até então era utilizado. Jornalistas descobriram que através dos blogs era possível postar notícias de forma on-line, imediata, de forma autônoma e desburocratizada. Grupos de pessoas dos mais variados tipos e com as mais diversas finalidades notaram que os blogs eram mais eficientes que quadros de avisos em paredes. Sites de humor encontraram uma forma muito mais rápida de publicar piadas e charges. Alguns blogs passaram a ser tão comerciais ou importantes que deixaram os serviços gratuitos e passaram a ter domínio próprio.

O blog é uma realidade. E isso é bom!

Facilidade de publicação
Um site tradicional é, sem dúvida, muito mais flexível e, portanto, mais poderoso que um blog. Você não pode, por exemplo, rodar uma aplicação de e-commerce em um blog. Tampouco um blog é o tipo de site mais indicado para disponibilização de currículos ou arquivos para download. Estes serviços são, pela sua própria natureza, limitados no que se refere ao seu layout; mesmo com todos os recursos que existem atualmente, ainda é necessário que o blog tenha uma estrutura padrão para que os textos possam inseridos de forma encadeada e linear, com links de acesso a postagens antigas e possibilidade de publicação de comentários de visitantes. Estas limitações, no entanto, são irrelevantes para os propósitos do bloggeiro: facilidade na postagem de textos. Para isto, eles são imbatíveis.

Considere a atualização de um site tradicional. A edição do conteúdo deve ser feita diretamente em linguagens de programação como HTML e JavaScript, ou através de uma ferramenta que possibilite a edição de forma dinâmica. A inclusão de uma nova página geralmente obriga a alteração de outras já existentes no site (talvez de todas), para a inclusão de links para esta. Feita a alteração, as páginas alteradas devem sem enviadas para o serviço de hospedagem – através de um programa que faz a transferência ou pelo próprio site da empresa que fornece o serviço. O processo, como se nota, é trabalhoso.

E a atualização de um blog? Bem, para a inclusão de uma postagem basta digitar o texto em qualquer editor de textos – qualquer um mesmo, até o Notepad, e enviá-la para publicação. Este envio é cada vez mais facilitado. O jeito mais difícil de fazê-lo é conectar-se ao site que provê o serviço e fazer o upload da página. Os links já serão atualizados automaticamente, o texto entrará com a formatação padrão da página e o trabalho estará terminado. Fácil, não? Pois é mais ainda: instalando alguns programas em seu computador, é possível acessar um site e publicar um texto encontrado com poucos cliques, ou editar um artigo no Word e postá-lo sem sair do editor de textos. Atualmente, pode-se fazer todo o processo de edição e postagem de um blog até por um telefone celular, desde que este tenha acesso à rede e tenha um mínimo de operabilidade no teclado! Obviamente, a exclusão ou alteração de postagens exige um trabalho um pouco maior, mas ainda é muito mais simples que a edição de um site.


Finalmente...
Mexo com informática há quase vinte anos. Há mais de uma década navego na Internet. Possuo um site há anos. Mas ainda não tinha um blog. Até o meu pai, que nunca tivera um contato com informática e ainda trava uma batalha para usar o Windows, já tinha um blog! E eu não.

Estava na hora de montar o meu.

O problema inicial foi achar um nome para o blog. Pensei em dezenas de nomes, mas a maioria já estava sendo utilizada. Parecia que os nomes bacanas para blogs já estavam esgotados.

É, percebi, eu tinha ficado de fora da onda por muito tempo...

Aconteceu algo semelhante com o Orkut – todo mundo tinha, eu não! Quando entrei, houve uma avalanche de amigos me adicionando. Descobri que só eu ainda estava de fora...

Com o Messenger foi a mesma coisa. Comecei usando profissionalmente, mas nunca fui muito de bater-papo pela web, e acabei esquecendo que o serviço existia. Um belo dia, resolvi verificar se a minha conta ainda estava ativa e fiquei surpreso por constatar que ela não havia sido cancelada. Mas eu não tinha quase nenhum contato. Também fiquei de fora dessa por muito tempo...

Fora da rede!!!

O nome surgiu e – eureka! – estava vago!

Combinava totalmente com o conteúdo desejado. Fora da Rede é um blog voltado para aqueles que gostariam de ler e opinar sobre os mais variados assuntos, porém com uma perspectiva diferente da tradicional, sem se deixar levar por modismos, dogmas ou pseudo-verdades já pré-estabelecidas.

Fugindo do senso comum e tentando manter o bom senso, Fora da Rede não fugirá de tabus nem de assuntos proibidos. Política, religião e futebol serão discutidos, assim como ciência, cinema, música, comportamento, ou qualquer outra coisa. Podemos discutir sobre um assunto sério e na postagem seguinte estarmos rindo com outra totalmente non-sense.

Obviamente, como as postagens do blog serão feitas por mim, serei eu a moderar os comentários enviados. Porém, o que não for de caráter ofensivo para ninguém, será publicado. Sinta-se à vontade para replicar minhas opiniões (que podem estar erradas e não terei problemas em corrigi-las) e a enviar artigos também. O objetivo do blog não é ser um espaço parcial e unidirecional – sentirei-me muito feliz de compartilhá-lo com todos os visitantes!

Seja bem vindo!

Marcadores: , ,

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home